Friday, May 29, 2009

Adopção por casais homossexuais

Actualmente, está em debate na praça pública a questão da legalização da adopção de crianças por parte de casais homossexuais.
Em Portugal, este tema é quase assunto tabu, pois a união homossexual ainda não é aceite pela Constituição e pela sociedade em geral.
Mas fugindo a esse tema polémico, e pensando somente pelo lado das crianças, será que a adopção por parte de um casal homossexual permite um desenvolvimento social saudável?
O facto de se ter dois pais ou duas mães poderá permitir que uma criança possa crescer num ambiente saudável quer em casa, quer no meio envolvente (escola, grupos de amigos, sociedade em geral)?
É inegável que uma criança para se desenvolver física e psicologicamente necessita do apoio de uma mãe e de um pai, coisa que um casal composto por pessoas do mesmo género (independentemente de ser masculino ou feminino) não poderá oferecer a um jovem. As figuras paternais e maternais são essenciais para este desenvolvimento e maturidade. É inegável que quer os homens, quer as mulheres têm características intrínsecas que são necessárias conjugar para permitir a educação e maturidade de um jovem, algo que num casal do mesmo género deixa de ser possível, uma vez que será diferente a maneira de transmitir certos valores e de educar uma criança.
Depois, há toda uma vertente social. Uma criança, na escola e no seu grupo de amigos, que tenha dois pais ou duas mães será sempre alvo de descriminação e gozo por parte dos restantes pares. Apesar da homossexualidade ser uma opção íntima de cada um, as crianças não devem ser expostas à partida a uma situação que não é de todo natural.
A sociedade portuguesa tem uma cultura fechada, ainda muito ligada à Igreja, que não permite que casais homossexuais sejam bem aceites e integrados. Se a possibilidade de adopção prosseguir, aqueles que serão os principais “sofredores” com esta decisão serão sempre os jovens que forem adoptados.
Mais uma vez repito que a homossexualidade é uma questão íntima de cada um, mas se a união homossexual é ainda ilegal em Portugal, deve uma criança ser entregue a um grupo de pessoas sem relação formalizada? É uma questão íntima enquanto não interferir obrigatoriamente na vida de outra pessoa; a partir desse momento deixa de o ser.
Se a homossexualidade em Portugal não é aceite, é natural que a relação esteja escondida de todos os “olhares” da sociedade. Uma criança não deve ser sujeita a esta situação desconfortável.
Esta é uma guerra que está a escolher erradamente os alvos. É uma procura de igualdade por parte dos homossexuais que se esquecem que o que está em discussão não são os seus interesses, mas os desejos e vontades de crianças inocentes.
Há também toda uma vertente ética que não pode ser descurada. Dois homens ou duas mulheres nunca foram feitos para procriar. Os seus organismos complementam-se (o do Homem e o da Mulher), daí que esta adopção vem mudar todo o conceito de criação e desenvolvimento da Humanidade. Se se passar a aceitar esta adopção, a própria humanidade estará em causa, no que diz respeito a uma questão de procriação.
A questão que deveria ser discutida não deveria ser a hipótese de casais homossexuais poderem adoptar, mas sim se as crianças estão preparadas para serem adoptadas por um casal homossexual.
A pergunta que deve ser analisada e debatida no tema da adopção por casais homossexuais é: Qual é a finalidade última desse acto?
Será uma questão relacionada com o proporcionar uma vida melhor a inúmeras crianças que estão acolhidas em instituições ou será uma luta pela procura de direitos e oportunidades iguais para os casais homossexuais?
Pelo que me tenho apercebido pelos argumentos “a favor”, parece-me que, apesar de existir alguma preocupação com o bem-estar das crianças, o argumento maior recai sempre no dos direitos e oportunidades iguais para os homossexuais, coisa que, de longe, deverá ser a tese mais válida.
E especialmente em Portugal, antes de se debater e discutir esta questão, há que definir legalmente qual o papel e “legalidade” da homossexualidade no nosso país.


Quem me conhece deve estar a pensar: "não acredito que ele tenha escrito isto...!!!"
Pois é! Escrevi, mas fui obrigado a tomar uma posição contrária aquela em que acredito! "E esta, hein?"

A maior dificuldade que senti na criação e elaboração deste texto argumentativo foi ter a capacidade de afastamento da minha posição que assumidamente é a favor da adopção de crianças por casais homossexuais.
Confesso que só após alguma pesquisa na internet estava habilitado de alguns argumentos para poder defender a posição “contra”.
Mas aceitei o desafio do professor de me colocar no lado oposto à opinião que defendo e considero que é uma enorme mais-valia no meu crescimento argumentativo.
Deu-me a capacidade de me colocar no outro lado da questão e ver o debate de um prisma completamente diferente, coisa que até agora não tinha feito.
É muito importante possuirmos este olhar isento e de fora da nossa opinião, para podermos procurar mais informação e para podermos também criar uma opinião fundamentada e com argumentos válidos.
Foi o superar da razão em prol do coração, coisa que, para uma pessoa emotiva e impulsiva como eu, nem sempre é fácil.
Houve um pensar profundo nos argumentos e até mesmo nas palavras a utilizar para não deixar qualquer dúvida da minha posição. Depois, foi o ler e reler para me aperceber se a minha opinião “pró-adopção” em algum momento estava espelhada no texto.
Outra questão curiosa, e que deu alguma luta e até mesmo prazer, foi o “desconstruir” preconceitos já estabelecidos, tentando formular opiniões e argumentos no sentido contrário àquilo que acredito.